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Treinadores de Força e Condicionamento – Somos Nossos Piores Inimigos?

Por Michael Boyle

Tradução Livre: Sidiclei Souza



Não sei dizer quantas histórias ouvi e continuo a ouvir sobre treinadores de força e condicionamento que não se entendem com as equipes técnicas ou entram em conflito com as equipes médicas. Muitas vezes, esses conflitos levam o coach de força e condicionamento a perder o emprego.


Sempre volto à ideia de que, como treinadores de força e condicionamento, muitas vezes somos nossos piores inimigos. E, por que somos nosso pior inimigo? Porque muitas vezes parecemos e agimos como idiotas e, quando o fazemos, assustamos os técnicos esportivos e os fisioterapeutas com quem devemos colaborar. Estou estereotipando? Talvez, mas todos os estereótipos provavelmente se originam de algum elemento da verdade. Um fisioterapeuta ou treinador atlético que não confia em seu treinador de força costuma dizer coisas como "treine apenas parte superior do corpo", porque está preocupado com o que ele pode fazer. Uma pergunta simples como: "podemos trabalhar a perna boa?" geralmente atrai uma resposta afirmativa e coloca você no caminho certo. Uma pergunta de acompanhamento como "ele/ela pode andar de bicicleta" geralmente gera uma resposta semelhante. De repente, o “treine apenas a parte superior do corpo” torna-se um treino de ¾ do corpo que pode terminar com segurança com algum condicionamento.


Com os técnicos esportivos, o conflito é muitas vezes diferente, mas em muitos aspectos o mesmo. O jovem treinador de força geralmente vem de uma base de futebol ou powerlifting e, de repente, todo atleta é um powerlifter (ou fisiculturista) para ele. Isso leva ao conflito "ele/ela não entende nosso esporte".


Stephan Covey em Seven Habits of Highly Effective People fala sobre “buscar primeiro entender, depois ser entendido”. Se você quiser se envolver no processo, “procure primeiro entender”. Referimo-nos a isso como Aprender a Linguagem do Coach. Você realmente entende o esporte? Você entende a lesão? Você estudou a anatomia e a energia do jogo ou mesmo o atleta em questão? Você fez alguma leitura extra? Se um jogador fez uma cirurgia, você entende o procedimento? Se é um esporte com o qual você não está familiarizado, você está conversando com a equipe técnica, participando de treinos e jogos? Você consegue fazer perguntas inteligentes? Você conversa com seu tecnico esportivo, treinador atlético, fisioterapeuta e médicos da equipe quando surge a oportunidade?


Algumas sugestões (na categoria Procure Primeiro Entender)


Para esportes coletivos, estude o esporte com o qual você está trabalhando. Quem são os melhores jogadores? O que os torna melhores?


Em situações de lesão, compareça ao maior número possível de avaliações médicas e sessões de fisioterapia. Desde o início da minha carreira, tentei estar em nossa clínica semanal de lesões (onde nossos médicos avaliavam nossos jogadores lesionados). Inicialmente, mantive a boca fechada e fiz anotações. Eu tinha um histórico de treinamento atlético, então me senti um pouco confortável nesses ambientes. Uma lição que aprendi. Guarde suas perguntas até que o atleta esteja fora da sala. Nunca faça parecer que você está prejudicando o médico, fisioterapeuta ou treinador atlético. Aprendi muito nessas sessões. O que aprendi desde cedo foi que havia muita coisa que eu não sabia. Uma pergunta que comecei a fazer foi “o que eu poderia fazer no treino de força que poderia estragar esse processo?”. Também comecei a perguntar especificamente "o que podemos fazer com segurança?".


Sempre que o seu fisioterapeuta ou treindor atlético estiver fazendo uma avaliação, peça para assistir. Traga um bloco de notas ou use seu telefone. Se você ouvir uma terminologia que não entende, pesquise-a. Prepare-se para voltar na próxima vez com perguntas inteligentes. Pergunte "o que devo ler?". A maioria dos treinadores e fisioterapeutas terá prazer em apontá-lo na direção certa.


Assista os melhores. Se você está trabalhando com hóquei no gelo, assista aos jogos da NHL. Se você trabalha com lacrosse, assista as ligas PLL e AuPro. Se você treina jogadores de futebol, assista à Premier League. Familiarize-se com nomes, termos, etc.


Sugestões de Leitura? Todo treinador de força deve ler Mecânico da Lombar, de Stuart McGill, e Diagnóstico E Tratamento Das Síndromes De Disfunção Motora, de Shirley Sahrmann. Também aprendi muito com Mechanical Low Back Pain, de Porterfield e DeRosa.


Além disso, todo treinador de força e condicionamento também deve possuir o livro Músculos: Provas e Funções com Postura e Dor, de por Florence Peterson Kendall e Elizabeth Kendall McCreary. Torne-se um especialista em lesões se quiser ser tratado como um.

Além disso, participe de seminários fora da área do treino de força e do condicionamento. Adoro seminários de reabilitação. Eu provavelmente os amo mais do que os seminários de força e condicionamento. Meus primeiros dias com o Boston Bruins me levaram ao curso When the Foot Hits the Ground, de Gary Gray e, no processo, toda a minha carreira mudou. Tornei-me especialista em reabilitação simplesmente porque não tinha medo de sair da minha zona de conforto, sentar na primeira fila e aprender. Acho que já fui ao Curso de Joelhos e Ombros do Kevin Wilk pelo menos três vezes. Eu tento ir a cada cinco anos para ver como a cirurgia e a reabilitação estão mudando. Sentei-me na primeira fila das palestras de Stuart McGill provavelmente uma dúzia de vezes.


Última sugestão. Não seja um papagaio da internet. Não repita as opiniões dos especialistas de internet como fatos. Não há problema em ouvir. Outra coisa é assumir que tudo o que você lê ou ouve é factual, e isso vale o dobro para a internet. Se a pessoa ganha dinheiro sendo um especialista da internet, seja cauteloso. Caras como Kevin Wilk e Stuart McGill dão palestras em seu tempo livre, não como sua principal fonte de renda.


Descubra quem está na vanguarda e vá até eles. Você pode estar lá apenas como um observador, mas o que você observa vai mudar você.


Se quiser um lugar à mesa, prepare-se como um profissional. Vista-se como um profissional, levante-se como um profissional e leia como um profissional.


 
 
 

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