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Seu Treino Reflete o Seu “Agora” ou Seu Passado: Autoimagem Residual

Atualizado: 7 de fev.

Por Brett Jones - Diretor de Educação da StrongFirst

Postado em 07 de maio de 2019 (https://www.strongfirst.com/residual-self-image/)




“Sua aparência agora é o que chamamos de autoimagem residual. É uma projeção mental do seu eu digital”.

- Morpheus, personagem do filme Matrix.


A trilogia Matrix proporcionou não apenas inovações em efeitos especiais, mas também alguns insights sobre “auto conhecimento” enquanto Neo, personagem principal da trama, percorria sua jornada.


Questionando a realidade de algumas maneiras, e também nosso significado enquanto pessoas. O trecho de cena acima destacado começa antes de Neo ser inserido em um programa de computador. Na cena, Neo é careca, veste roupas diferentes, e tem implantes em seus braços e outras partes… Mas, uma vez inserido no programa, sua aparência é a mesma de quando fazia parte da Matrix, ele tem cabelos, não tem implantes nem as roupas diferentes.



Por que isso é importante (além de lembrá-lo que já está na hora de assistir a trilogia novamente)?


Porque sempre estamos operando em algum nível de autoimagem residual.


“O passado não é simplesmente o passado, mas um prisma através do qual o sujeito filtra sua própria autoimagem modificada”.

- Doris Kearns Goodwin.


E antes que você comece a perguntar… prossiga a leitura (vou tentar trazer essa ideia para o campo do treinamento)...


Sob que Autoimagem Você Está Operando?

Você já teve que reiniciar seu programa de treinamento? Talvez por uma lesão, doença, ou alguma situação familiar ou profissional que interrompeu seu treino. E depois de algumas semanas (ou um pouco mais de tempo), você estava pronto para voltar à prática. Você tentou reiniciar a partir do mesmo ponto onde estava antes da interrupção?


Se sim, então você estava operando em uma autoimagem residual. A projeção mental do seu “eu” anterior te trouxe a um futuro no qual você não é exatamente a mesma pessoa.


Pense um pouco sobre isso. Ou pense sobre o “Tio Rico”, do filme Napoleon Dynamite (um longa-metragem de comédia baseado no curta-metragem Peluca, do mesmo diretor, lançado em 2004 - wikipedia).



“Tio Rico” estava operando absolutamente em autoimagem residual. Ele foi uma estrela do futebol americano no ensino médio, como sempre tinha imaginado.


Todos nós conhecemos pessoas que operam em suas autoimagens residuais. As características específicas de suas versões de si mesmos são altamente variáveis. Talvez sejam suas melhores lembranças do ensino médio, ou do tempo em que se sentiam em seus melhores estágios da vida, ou quando atingiram algo muito significante em suas vidas. O que estabelece o ponto da autoimagem residual é variável mas o fato de trazê-los conosco não é.


“Eu não percebi que tinha ganhado peso”, ou “eu não percebi o quão fora de forma eu fiquei”. Essas são demonstrações de autoimagem residual. Nós mantemos uma “imagem” de nós mesmos em nossa melhor (ou pior) fase e temos enorme dificuldade de enxergar a atual realidade.


De Volta ao Treinamento

Eu já disse em outros artigos para você “conhecer as pessoas onde elas estão, e ficará surpreso onde poderá levá-las”. E o termo autoimagem residual se encaixa muito bem nesse contexto. Devemos proporcionar uma correta autoanálise para criar o melhor programa para o indivíduo. Como eles são, e não como eles foram, ou mesmo, como eles se veem. Especialmente se essas pessoas estiverem retornando aos treinos depois de algum tempo parado. Esse “cuidado responsável” não é fácil entregar a alunos/clientes, e nem sempre é aceito de braços abertos.


Seguem abaixo algumas informações importantes:

Condicionamento se perde muito facilmente (algo em torno de 7 a 12 dias).

“Coyle, Martin e Holloszy (1984) estudaram atletas de resistência que haviam treinado por 10 anos. O VO2max diminuiu 7, 13 e 15 por cento depois de 12, 56 e 84 dias de inatividade. O volume de batimentos cardíacos diminui 11% depois de 12 dias. O volume de batimento durante o exercício e a Frequência Cardíaca Máxima não mudaram significativamente após 12 dias, com o débito cardíaco permanecendo 7 a 9% abaixo de quando treinados. Portanto, a redução do débito cardíaco ocorreu com maior intensidade nos 12 primeiros dias, enquanto o VO2max e a atividade mitocondrial continuaram declinando por algum tempo depois disso, antes de se estabilizarem”. Rundell, K. W. (1994). Strength and endurance: Use it or lose it. Olympic Coach, 4(1), 7 - 9.


A força é mantida por mais tempo.

“As reduções (da força) são relativamente menores durante os primeiros meses após a interrupção dos treinos. Algumas pesquisas têm mostrado:

  1. nenhuma perda de força foi notada após a interrupção de um programa de treinos de três semanas, e

  2. apenas 45% da força original adquirida em um programa de treinos de 12 semanas foi perdida após um ano de remoção do programa”. Wilmore, J., e Costill, D. (1988). Physiological adaptations to physical training. In Training for sport and activity, Capítulo 11. Dubuque, IA: Wm. C. Brown.

Por que isso é importante?

Existe uma diferença entre um fim de semana de descanso e falta de treino por um período longo o suficiente para entrar num estágio de destreinamento. É por isso que eu não me preocupo com férias e breves períodos de tempo afastado dos treinos. Na verdade, os alunos geralmente retornam após breves interrupções no treino, tendo descansado, recuperado as energias e supercompensado, estando prontos para progredir em seus treinos.


Voltando à realidade

Independentemente, a primeira sessão de treino depois de uma longa parada deve ser leve. Tirando a poeira, lubrificando as articulações e atentando aos padrões de movimentos. Mesmo que a força se mantenha por longos períodos, ainda queremos uma volta tranquila para permitir que os tecidos se adaptem ao estresse. O mesmo acontece para o condicionamento: comece com sessões fáceis (talvez o método Maffetone) ou com longos períodos de descanso entre séries de swings, etc.


Se você chegou ao estágio de descondicionamento, pelo longo período afastado dos treinos,olhe para seus treinos antigos e procure o treino de iniciante que funcionou para você. Talvez isso signifique reiniciar seus treinos como Simple, em vez de tentar recomeçar como Sinister.


Concluindo, a resposta para a questão se você está operando em uma autoimagem residual, é uma daquelas que só você tem. É aí que possuir certos “benchmarks” registrados pode ser útil. Saber em que nível você está em certos exercícios (como no teste de snatch por exemplo) pode ser uma boa maneira de se manter em sua autoimagem atual, não no passado. Também é aqui que um bom Treinador e Instrutor Certificado ou Academia Credenciada StrongFirst podem ser efetivos.


Aproveite a trilogia Matrix!!!

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