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Reduzindo o Tempo da Reabilitação ao Desempenho

Por Sue Falsone

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Todos aqueles envolvidos com equipes de reabilitação de atletas deveriam ser capazes de entender as linguagens uns dos outros. Eles não precisam ser especialistas em todas as áreas, mas devem fazer amizade com quem o seja. Ninguém, não importa as “letras” que possua antes ou após seu nome, é capaz de fazer tudo sozinho.


Eu, pessoalmente, me tornei uma clínica muito melhor quando comecei a me relacionar com preparadores físicos, pois, quanto mais eu entendi o que os atletas precisavam para voltar ao seu estado de força, condicionamento e desempenho, mais me tornei capaz de prepará-los para o retorno a campo.


No passado, acredito que existiam lacunas no processo de reabilitação para o desempenho porque todos trabalhavam em silos. Tipicamente, quando um atleta se lesionava no campo, o preparador físico era quem o avaliava e tentava descobrir que tratamento realizar, para onde eles deveriam ser encaminhados e que cirurgião seria o responsável.


Uma vez que tivessem feito a cirurgia, iam para o fisioterapeuta para reabilitação. Ao mesmo tempo, talvez iniciassem um trabalho com seus preparadores físicos, que provavelmente estavam em outro prédio. Então, seja por filosofia ou por estarem em diferentes locais de trabalho, as pessoas infelizmente trabalhavam em silos.


A tecnologia digital dos dias atuais melhorou enormemente a habilidade de comunicação entre os profissionais e os colocou na “mesma página”. Mas, estamos lidando com atletas e seus corpos, seus treinadores devem estar em contato com eles. Então, uma mudança para colocar todos os profissionais sob o mesmo teto seria a maneira ideal para se eliminar os silos e as lacunas. Isso, entretanto, talvez não seja possível. Quando a proximidade física não puder ser implementada, é imperativo garantir que as pessoas da equipe tenham a mesma filosofia.


E como juntar um time como esses? Minha filosofia é ser inclusiva, mas não existe uma sala para todo mundo. Existe muito a se fazer para colocar um atleta lesionado de volta a seu esporte. Quando você pensa em tudo que o atleta precisa para lidar com a lesão, nunca é apenas uma lesão de joelho, por exemplo. Eu tenho que restabelecer sua amplitude de movimentos, sua força e trabalhar em seus quadris e pernas. Mas, durante esse processo, se ele não trabalhar com um preparador físico para manter sua força e potência na perna não lesionada, no tronco e no core, então, estaremos perdendo tempo. Um atleta não pode pagar por focarmos apenas eu seu joelho al longo de seis semanas.


Talvez tenhamos que trazer um nutricionista, porque às demandas metabólicas de um indivíduo lesionado são totalmente diferentes das de um indivíduo saudável. Precisamos garantir que ele esteja otimizando sua composição corporal durante todo o processo e que não perca a tonicidade de seus músculos. Se eles não estiverem dormindo devido a dor, talvez precisemos trazer um especialista no sono. Se estiverem sentindo muitas dores, não precisamos usar farmacológicos, em vez disso, talvez possamos utilizar a acupuntura ou outras modalidades de alívio da dor, para ajudar nesse controle.


Os treinadores físicos podem atuar em diferentes situações. Existem preparadores que trabalham em escolas e nunca tiveram a oportunidade de reabilitar de seus próprios atletas, pois, lidam com 300 ou 400 jovens atletas estudantes. Portanto, eles precisam ser capazes de interagir e trabalhar com fisioterapeutas locais para que esse atleta tenha uma atenção completa. Não é porque um preparador físico não esteja pessoalmente trabalhando na reabilitação, que ele não possa ajudar o estudante a gerenciar seu desempenho na escola e seu relacionamento com o técnico e colegas da equipe.


Muitas vezes o preparador físico tem que gerenciar todos os processos, eles dizem “você precisa ir ao médico, vá nesse”, ou “Você precisa de um especialista? Este é o melhor cirurgião de ombros que existe”. Talvez o treinador esteja pesquisando e ele possa aconselhar o atleta com base em seu próprio entendimento, e dizer: “Quer saber, o risco é baixo, e o benefício pode ser maior, então vale a pena considerar essa intervenção”, ou “Isso envolve um grande risco, eu não recomendaria”.


Como o treinador desempenha um papel fundamental no gerenciamento geral e na coordenação do que está acontecendo com o atleta lesionado, ele precisa de boas habilidades de comunicação. Eles provavelmente irão lidar com pessoas de diferentes personalidades, desejos e egos e isso pode ser muita coisa para gerenciar. Eles geralmente podem ser aquele que percebe algo no ar e diz: "Como posso ajudar?".


Treinadores devem ter uma vasta variedade de habilidades que algumas vezes os profissionais da saúde não entendem. Ser capaz de ensinar outros profissionais sobre seu papel nesse processo e dizer “eu sou o treinador, e essas são minhas áreas de conforto e expertise e como eu acho que posso ajudar”.


Como demonstrei no meu livro, Reduzindo o Tempo da Reabilitação ao Desempenho, entender o papel de cada um envolvido no restabelecimento do atleta é imperativo para encontrar as reais necessidades do atleta. O livro proporciona insights de como cada especialidade se encaixa no contínuo entre a reabilitação e o alto desempenho e espero que também promova um entendimento profundo do significado de outros papéis complementares dentro desse processo.


Conforme o leitor avança pelas diferentes seções do livro, ele será levado a se questionar sobre as informações apresentadas e a decidir que ferramentas ele tem em sua “caixa” que servem para o que está sendo explicado na seção. Uma vez que decida que ferramentas utilizar para corrigir os fatores principais de cada seção do livro, talvez perceba buracos em seu conhecimento que precisam ser tapados. Pelo menos, esse pensamento vai ajudar o leitor a decidir que relação profissional ele precisa cultivar para proporcionar o melhor ao seu atleta.


Minha esperança é que todos os leitores sejam capazes de reconhecer onde seus pontos fortes ajudarão ao atleta que se encontra no processo de redução do tempo de reabilitação, e que sejam humildes o suficiente para enxergar aquelas áreas de seu conhecimento que precisam ser melhoradas. Isso vai lhes mostrar as deficiências de suas estratégias de cuidados e guiá-los na expansão de seus relacionamentos profissionais com experts nas habilidades que ele não tem no momento. O que fazemos é uma arte, baseada em ciência, e a arte do que fazemos é o que nos torna profissionais únicos.

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