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O Debata Sobre a Flexão da Coluna - “Flexionar ou não?”

Por Michael Boyle

Tradução Livre: Barbara Silva e Sidiclei Souza

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Fico impressionado como esse debate ainda persiste. Comecemos dizendo que muitos de nós que não defendemos o treinamento do core baseado na flexão do tronco não estamos dizendo que ninguém deveria flexionar o quadril ao amarrar seus sapatos. Aqueles que defendem exercícios como o Jefferson Curls parecem se especializar em áreas cinzentas. Os “defensores das abdominais com flexão do tronco” gostam de rotular quem é avesso a esse risco de “vendedores do medo”, que fazem as pessoas terem medo de se movimentarem. Esses contrários adoram questionar qualquer pesquisa que não esteja de acordo com seus métodos, embora poucos tenham feito alguma pesquisa por conta própria. Eles adoram citar conceitos semânticos como “causas vs fatores” e “risco vs perigo” e ainda entram no reino da filosofia de tempos em tempos. Como em qualquer debate, uma pessoa “do contra” inteligente pode criar um grande argumento.

No decorrer de uma “discussão” no meu feed no Twitter sobre o treinamento de clientes com dor lombar, foi produzido um belo artigo feito por Sam Spinelli, intitulado “Você Deve Temer a Flexão Lombar?

O artigo é bem escrito e inicialmente discute a anatomia, o conceito de coluna neutra e a afirmação correta de que a coluna neutra está mais relacionada a uma amplitude do que um número. Não há debate quanto a isso, pelo menos não com relação às primeiras partes do artigo.

O artigo segue explorando alguns argumentos, e um deles é que a flexão da coluna talvez não seja mais perigosa que a compressão. Isso parece levar à conclusão de que altas cargas compressivas sobre a coluna possam ser tão perigosas quanto realizar levantamentos com a coluna flexionada. Nenhuma dessas opções é segura ou melhor que a outra. Em todo caso, o argumento é reduzido ao seguinte: “o que machuca sua coluna”. Acho que esse não é o ponto. Não me importo com discos vs placas terminais, etc. Esse argumento é como perguntar se a pessoa quer levar um tiro, ou ser esfaqueada. Ambos machucam. Me importo em diminuir ou eliminar as dores nas costas, independentemente da origem.

Outro argumento / racionalização gira em torno da ideia de que “tecido cadavérico não tem capacidade de remodelação”. Sim, é possível que os pesquisadores estejam errados, pois, eles não conseguem estudar a coluna de uma pessoa viva. Eu falei meio de brincadeira ontem que a linha de voluntários para o estudo “Flexione Até Lesionar Seu Disco” era bastante curta. Novamente, um ponto válido, cobaias humanas para estudos sobre lesões debilitantes sempre serão difíceis de encontrar.

O maior debate não mencionado, talvez gire em torno do Trabalho do Dr. McGill, que demonstrou que as pessoas levantam cargas com a coluna flexionada por fraqueza nos glúteos. Portanto, embora a flexão da coluna possa não ser inerentemente perigosa em pequenas quantidades, a ênfase em “levantar com as pernas” provavelmente faz sentido quando buscamos fortalecer os músculos que são mais fracos. A pesquisa de McGill também mostra que a maioria das pessoas tem bastante força nos extensores das costas, mas glúteos fracos e, como resultado, provavelmente sobrecarregam preferencialmente os músculos das costas em tarefas de levantamento.

Não importa o que a teoria anatômica diga, o segredo está na conclusão do artigo. O Autor afirma:

“À medida que começamos a levantar objetos pesados ou a fazer esforços mais cansativos, “os melhores” resultados provavelmente irão em favor da coluna neutra. Atualmente, temos várias pesquisas que favorecem a neutralidade da coluna durante o levantamento; não temos nenhum resultado favorável ao trabalho com a coluna em flexão”.

Observação importante: “não temos nenhum resultado favorável ao trabalho com a coluna em flexão”. Em outras palavras, parece não existir nenhuma pesquisa que encoraje o levantamento de cargas com a coluna em flexão, pelo menos, com base nesse artigo.

Spinelli continua dizendo:

“Se você estiver trabalhando com um atleta de esportes com barra, o foco no levantamento com uma coluna neutra geralmente será o recomendado. Embora a maior parte do treinamento deva ter essa ênfase, pode ser necessário que alguns treinamentos se assemelhem às suas posições competitivas (se essa pessoa precisar flexionar a coluna ao levantar peso). O treinamento para melhorar a tolerância à flexão lombar pode ser benéfico, mas isso ainda não está claro, e as evidências atuais sugerem que o foco deve ser colocado na construção de força com a coluna neutra”.

Esta sentença é importante. O autor diz que “a coluna neutra é geralmente recomendada” e menciona que posições específicas em alguns esportes talvez sejam necessárias. A realidade é que em artigos como este, parece não haver nenhuma evidência que embase o levantamento de cargas com a coluna em flexão.


Na conclusão, obtemos a resposta boba “boa sorte amarrando os sapatos sem flexão”. E também a sempre mencionada defesa “a flexão acontece no wrestling e no jiu-jitsu”.


Não tenho certeza de como passamos do assunto “amarrar sapatos” para o Jefferson Curl, mas talvez seja só eu. Além disso, acho que devemos claramente evitar a flexão da coluna naqueles que passam o dia fazendo isso. Eu amo a ideia de McGill de “poupar a coluna”. Se você fizer muita flexão como os atletas de combate, eu evitaria a flexão durante o fortalecimento. Como gostamos de dizer, “esse balde está cheio”. O mesmo pode ser dito para dançarinos e ginastas sobre a extensão, novamente, não encha baldes cheios. Resumindo, é um artigo interessante que não muda nem um pouco a minha opinião. Se você ou seus clientes vão levantar pesos, pense em “segurança”. Não entre deliberadamente em posições desvantajosas só para ser do contra.


 
 
 

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