Dez Fatos Sobre o Sprint que Gostaria que Todos Entendessem
- Sidiclei Souza
- 22 de abr. de 2024
- 7 min de leitura
Por Tony Holler - Coach de Atletismo, da Plainfield North High School
Original disponível em: https://www.strengthcoach.com/resource/6616d1825b6507d5e807b355
Tradução Livre: Bárbara Silva e Sidiclei Souza
Eu me considero um Treinador, um veterano com 36 anos treinando futebol americano, basquete e atletismo. Stuart McMillan recentemente “tweetou”: “Um bom treinador sabe muito sobre pouca coisa, e um pouco de tudo”. Eu sei muito sobre sprints.
Tentei nomear este artigo como “Uma luz na escuridão”. Meu objetivo é compartilhar dez fatos com os três grupos de pessoas: Atletas, Pais e Treinadores. Apesar de a velocidade (movimento rápido) ser fundamental para o atletismo, muitas pessoas vivem no escuro.
1. Correr não é fazer sprints. Se você parar de ler aqui, terá aprendido algo que a maioria das pessoas não entende. Sprints são algo que você pode praticar em um período curto e requer uma recuperação completa antes do próximo estímulo. Qualquer coisa que dure mais de cinco segundos é trabalhar algo diferente da velocidade.

Peguei essa foto do Campeonato Mundial de Atletismo da NCAA. Deajah Stevens está fazendo um sprint, não correndo.
2. Correr não melhora a velocidade. Quando os treinadores de futebol americano incentivam os seus jogadores a correr na velocidade máxima durante um treino de três horas, eles ficam confusos. Ninguém consegue correr na velocidade máxima por três horas. Sim, você pode tentar fazer o seu melhor durante esse período, mas não será “na velocidade máxima”. Correr é uma ação submáxima. Velocidade máxima é treinada com sprints. Correr torna você bom em corrida submáxima. O sprint melhora a velocidade.
3. Levantar pesos não melhora a velocidade. Levantar pesos melhorará a força. Essa força pode ser transferida para o atletismo, mas não melhorará diretamente a velocidade. Os jovens mais fortes da equipe raramente são os mais rápidos. A típica sala de musculação celebra a hipertrofia indiscriminada (bodybuilding). Na minha opinião, os jovens que levantam pesos ficam melhores no levantamento de pesos. Cuidado com os garotos-propaganda musculosos que vivem em uma sala de musculação. Os treinadores de força dirão que grandes times são formados na sala de musculação, mas lembre-se, quando você perguntar a um barbeiro se precisa cortar o cabelo, ele sempre dirá que sim.

O Bodybuilding vai torná-lo mais lento. Esse cara parece bem no espelho, mas sua força é não-funcional.
4. Cavalos de corrida não são cavalos de trabalho. Isso ofenderá muitos treinadores, mas é um fato. Cavalos que conseguem arar o campo o dia todo não conseguem vencer uma corrida. Muitos treinadores pegam puros-sangues e os forçam a arar os campos. Se você quer uma equipe rápida (e quem não quer?), trate todos os seus cavalos como cavalos de corrida. Treine-os para velocidade, não para serem fortes.
5. Sprints são os exercícios mais explosivos do mundo. Nada na sala de musculação é movido a uma velocidade de 10 metros por segundo. Os levantamentos mais explosivos podem se aproximar dos 2 m/seg. Não estou dizendo às pessoas para não levantarem peso, mas o sprint, por si só, cria força funcional que se transfere diretamente para o atletismo.

Na última temporada treinei o atleta de 14 anos mais rápido dos Estados Unidos, Marcellus Moore, #1 nos 60m (6.86) e nos 200m (21.95), na competição de atletismo Indoor de Illinois. #2 nos 100m (10.41), #1 nos 200m (21.28), na competição de atletismo de Illinois. Marcellus não ficou forte levantando pesos, ou sobrevivendo à altos volumes de treino.
6. Qualquer idiota consegue deixar outro idiota cansado. Treinadores que não sabem nada sempre treinam seus jovens o mais duro possível. A dureza vence! Acredito que a dureza é tão genética quanto a velocidade. Os treinadores não criam dureza projetando treinos esmagadores. Mesmo que o trabalho árduo criasse dureza, eu ainda optaria por atletas rápidos e enérgicos. Atletas lentos e cansados perdem, por mais durões que sejam. Se você quer jovens rápidos, treine de maneira mais inteligente, não mais dura. Para ficar mais rápido, você deve fazer sprints intensamente por cinco ou seis segundos e depois descansar o suficiente para fazer isso novamente.
7. Nós não somos o resultado do que fizemos ontem. Somos a soma do que fizemos nas últimas seis semanas, nos últimos seis meses e nos últimos seis anos (minha “Teoria 6-6-6”). A velocidade cresce como uma árvore. Seja paciente. Todos os anos cronometro mais de 10.000 corridas de 40 jardas. Eu cronometro milhares de voos de 10m com um sistema de cronometragem Freelap. Eu “registro, classifico e publico” todas as medições. Como a velocidade cresce como uma árvore, eu meço com frequência. O crescimento inspira.
8. A velocidade é um barômetro do atletismo. Qual métrica é o indicador nº 1 de sucesso futuro no NFL Combine? Goste ou não, a corrida de 40 jardas é o Santo Graal. O sprint de 40 jardas é uma medida de aceleração (força e explosão) e velocidade máxima. Surpreendente para alguns, a velocidade não é importante apenas para running backs e recebedores. Os linemen mais rápidos são sempre escolhidos em primeiro lugar. O atleta de 300 libras a ser escolhido mais rápido geralmente será mais veloz entre eles. Os melhores atletas são os melhores jogadores.

Pessoas lentas reclamam do uso do sprint de 40 jardas como métrica do atleticismo do futebol americano, mas os dados são fortes. Entre os melhores jogadores que entram na NFL, os mais rápidos na corrida de 40 jardas geralmente têm as melhores carreiras.
Se ninguém atinge a velocidade máxima em uma quadra de basquete, o sprint é irrelevante para os jogadores de basquete? Josh Bonhotal, Diretor de Desempenho Esportivo do time masculino de basquete de Purdue, acredita que a velocidade máxima é a chave para o atleticismo do basquete:
“Muitas vezes vejo treinadores enfatizando demais o condicionamento durante o período fora de temporada e nunca desenvolvendo capacidades absolutas de força, potência e velocidade. Em particular, um erro comum é atacar a habilidade de repetição de sprint quando você nunca desenvolveu verdadeiramente a velocidade e, portanto, a própria habilidade de fazer sprint”.
Se a maioria dos jogadores de beisebol não rouba bases, o sprint é irrelevante no beisebol? A liga principal de beisebol enfrentou uma escassez de capacidade atlética. A especialização criou jogadores que são bons em rebater e arremessar, mas fracos em corridas explosivas. Vários times da liga principal estão procurando maneiras de reverter essa tendência, tornando a velocidade uma prioridade em seu sistema.
Mesmo esportes de resistência como o cross country, o futebol, o rugby e o lacrosse estão começando a explorar o treinamento de velocidade.
E se estivermos falando de um esporte sem corrida e sem velocidade, como o vôlei? As ações de sprint e de pular usam as mesmas fibras musculares de contração rápida. Sprints e saltos têm uma relação recíproca. Os jogadores de voleibol saltam alto e movem-se mais rapidamente à medida que os seus tempos no Flying 10 melhoram.
9. Cuidado com “A Exaustão”. Qualquer treinador que adote “A Exaustão” não é um treinador baseado na velocidade. Você não treina um cavalo de corrida enchendo ele de carga, a menos que queira melhorar sua capacidade de arar campos. O treino de força melhora a força, não a velocidade. O trabalho árduo raramente se traduz em temporadas de invencibilidade, mas os treinadores são viciados em slogans e em pensamento paramilitar. Os treinadores vivem com medo constante de não treinarem o suficiente. Grandes atletas e grandes equipes são uma combinação de treinamento inteligente, entusiasmo, talento e sorte.

O treino duro não melhora a velocidade.
10. Sprints melhoram os sprints. Ninguém fica rápido correndo devagar. Nunca treino atletas cansados. Nunca treino atletas derrotados e maltratados. Descanso, recuperação e entusiasmo são mais importantes do que qualquer treino. Se eu quiser treinar jovens dois dias seguidos, certifico-me de que o treino de hoje não estrague o treino de amanhã. Meus cavalos de corrida geralmente têm um bom desempenho.
Espero ter convencido você de que a velocidade é fundamental para o desempenho atlético e que ela deve ser treinada com sabedoria.
Onde você pode encontrar um treinamento?
Isso é complicado.
Treinadores de distância que não entendem de corrida lideram alguns programas de atletismo. O treinamento em distância (corrida), por natureza, é de alto volume e orientado a processos. Alguns treinadores de atletismo treinam como se estivessem no ensino médio. O atletismo da velha escola costumava ter um volume alto. Os corredores de longa distância corriam dez estímulos de 400 metros, os velocistas corriam dez estímulos 200 metros. Para dar-lhes alguma perspectiva, o treino de sprint mais difícil de Plainfield North este ano foi 3 x 200 m com dois minutos de descanso (corrida em velocidade máxima).
Homens fortes, que gostam de treino duro e que treinam seus times como exércitos, lideram muitos programas de futebol. Esses aspirantes a generais realmente acreditam que colocar os jovens em treinos intensos as tornará mais duronas. Eles também acreditam que ser “durão” vence os jogos.

Talvez isso torne um militar mais duro, mas não o torna mais rápido.
Muitos programas de beisebol incentivam a especialização. Os jovens nunca aprendem a fazer sprints. O mesmo pode ser dito sobre basquete, vôlei, softball, lacrosse, futebol e rugby.
Muitos treinadores particulares valorizam o levantamento de peso em detrimento aos sprints. Os jovens se apaixonam pela maneira como se olham no espelho. A hipertrofia indiscriminada é uma ideia idiota e reduz o atleticismo.
Recebo e-mails de pais de todo o país. Onde posso encontrar um treinador de sprint?
Entrar para a equipe de atletismo é sempre a melhor opção. Além disso, alguns times de futebol americano estão adotando treinos mais curtos, realizados em alta velocidade e alta intensidade. Com exceção dos que praticam atletismo e futebol, os jovens raramente, ou nunca, serão expostas ao treinamento de velocidade.
O único outro lugar para encontrar treino de sprint será em treinamento particular, mas tome cuidado. Não seja vítima de Neandertais musculosos e ex-jogadores de futebol universitário que vendem treino exaustivo e musculação para criar velocidade. Os sprints devem ser a prioridade. Você não planta feijão e cultiva milho.
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Tony Holler ensinou Química e treinou atletismo por 36 anos em três escolas de ensino médio diferentes, Harrisburg (IL), Franklin (TN) e Plainfield North (IL). Incluído no Hall da Fama da ITCCCA em 2015, as equipes de Holler continuaram a apresentar grandes velocistas. Junto com Chris Korfist, Holler codirige o Track Football Consortium, realizado duas vezes por ano (junho e dezembro). Holler escreveu mais de 100 artigos promovendo o atletismo e compartilhando tudo o que sabe. Seus artigos podem ser encontrados em ITCCCA.com, FreelapUSA.com e SimpliFaster.com. Você pode seguir o treinador Holler no Twitter @pntrack e enviar um e-mail para tony.holler@yahoo.com.
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