Aceleração versus Velocidade Máxima em Esportes de Equipe
- Sidiclei Souza
- 12 de jan.
- 5 min de leitura
Por Michael Boyle - 03 de Fevereiro de 2021
Original Disponível em: https://www.strengthcoach.com/public/Acceleration-vs-Max-Velocity-in-Team-Sports.cfm
Recentemente, houve muitas idas e vindas online entre o que chamarei de “adeptos da Velocidade Máxima” e "adeptos da Aceleração”.
Em geral, os defensores da velocidade máxima tendem a ser treinadores de atletismo (generalizando um pouco) e os defensores da aceleração tendem a trabalhar em esportes coletivos (meu amigo Tony Holler diz que o “pessoal da aceleração” é o pessoal do treino com pesos).
Nos últimos anos, o trabalho de Tony despertou um grande interesse na cronometragem. Isso é bom. No entanto, como tendemos a fazer no mundo da preparação física, descobrimos como questionar um tópico com o qual a maioria de nós poderia concordar.
Vamos começar com a ideia de que “cronometrar é bom”. A premissa básica de Tony é que você não pode ficar mais rápido a menos que saiba o quão rápido você é. Isso é basicamente irrefutável. É apenas lógica. Se eu quiser ser mais rápido que X, preciso conhecer X. Tony prossegue dizendo que também devemos registrar os tempos e, até mesmo, rankear os atletas dos mais rápidos para os mais lentos. Eu definitivamente gosto de registrar, mas não tenho certeza se o rankeamento funciona em um ambiente fora da equipe como na MBSC.
Acho que também podemos concordar com a ideia de que a melhor maneira de ficar rápido é correndo rápido. Se aceitarmos as opiniões de alguns dos especialistas, isso significa que precisamos correr acima de 90% do nosso melhor tempo (x dividido por 0,9)
No entanto, no verdadeiro estilo de “treinador questionador”, encontramos algo para discutir. A discordância agora parece não ser sobre se “devemos cronometrar”, mas “que segmento devemos cronometrar”? E então, “o quanto devemos correr antes de começar a marcar o tempo”?
No sistema de Tony Holler, o tempo da corrida de 10 metros é obtido do segmento entre os 30 e os 40m. Isso significa que os atletas de atletismo dele correm muitos trechos de 40 metros. Isso também significa que a distância não cronometrada, ou seja, o “voo” é de 30 metros. E também significa que, pelo menos na visão de Tony, o que eles estão medindo é a velocidade máxima.
Muitos no mundo do desempenho esportivo estão cronometrando as corridas de 10 metros, mas com voos mais curtos antes de dispararem seus cronômetros. A MBSC estaria nesta categoria.
Existem alguns bons motivos para isso:
Logística das instalações. Especialmente nos meses mais frios, temos cerca de 40 metros de distância total. Isso significa que estamos limitados a uma corrida de apenas 15 metros antes da cronometragem. Não há ciência aqui, apenas limites diretos de espaço físico.
Algumas pesquisas indicam que as lesões aumentam à medida que passamos de “voos” de vinte metros. Inicialmente, isso nos limitava, mas progredimos os treinos externos para uma corrida de 20 metros antes de disparar o tempo sem problemas. Nossa ausência de lesão pode ser apenas devido à progressão adequada. Tony sofreu muito poucas lesões com seu método de 40 metros totais. Só para contrastar, isso significa que nosso sprint mais longo é de 30 metros, enquanto os do Tony são de 40.
Alguns treinadores ainda concordam com a ideia de que os atletas de esportes coletivos não correrão mais do que um número X de metros e que o esporte tem tudo a ver com aceleração. Outros irão até argumentar que a velocidade máxima não importa. Falarei mais sobre isso abaixo.
Estranhamente, parece que se não selecionarmos o segmento entre os 30 e os 40 metros, seremos rotulados como “caras da aceleração” e não como os “caras da velocidade”. Como nosso “voo de entrada” tem apenas 20 metros, somos vistos “negligenciando a velocidade máxima” e, na verdade, perdendo totalmente o propósito.
O trabalho de Ken Clark demonstrou para mim que a velocidade máxima é importante. Em minha mente, o objetivo ainda é fazer a corrida de 10 metros o mais rápido possível. Podemos considerar o tempo dessa corrida como nossos “metros por segundo”.
No entanto, a aceleração (vamos pensar nisso como o 0 a 100 do mundo dos automóveis) é a qualidade mais importante no esporte de equipe. Como podemos considerar a capacidade de 0 a 100 de um carro que só vai até os 90 metros?
Com base no exemplo acima, a velocidade máxima é importante, mesmo em aceleração. Noventa por cento de 10 m/s é 9 m/s. Noventa por cento de 9 m/s é 8,1 m/s. A matemática sempre vence.
O ponto crucial do argumento parece ser mais sobre o quão longe precisamos correr para atingir a velocidade máxima. O argumento que as pessoas do atletismo usam é que velocistas de ponta atingem a velocidade máxima em algo em torno de 50 a 60 metros em uma corrida de 100 metros. Em outras palavras, eles estão acelerando por pelo menos 50 metros.

Vamos ser claros. Este argumento realmente não tem nada a ver com aqueles que não são velocistas de ponta e não é tão claro quanto alguns treinadores gostariam que fosse.
Se olharmos para velocistas de ponta, todos alcançaram 94-96% da velocidade máxima em 40 metros.
Se olharmos para os atletas de esportes de equipe “medianos”. A maioria parece ter alcançado 97% por volta dos 25 metros.
Cronometramos 100 atletas de esportes coletivos (provavelmente chegando aos 1000 testes) e o perfil de aceleração é muito claro.
Se o atleta passar de uma distância de voo 5 metros para 10 metros antes da cronometragem de seu sprint de 10 metros, o tempo cai 0,1s.
Se o atleta passar de uma distância de voo 10m para 15m, o tempo cai mais 0,05s.
Se o atleta aumentar o voo para 20m, as coisas ficam interessantes. Alguns atletas correm no mesmo tempo quando usam 15m. Em outras palavras, eles parecem atingir a velocidade máxima em 25 metros.
A maioria dos atletas perderá um adicional de 0,02 segundo ao passarem para um voo de 20 metros. Isso ainda mostra que a maioria dos atletas de esportes coletivos chegam a 98% da velocidade máxima em 25 metros.
2% importa? No atletismo, sim.
No esporte de equipe, se estivermos equilibrando risco / benefício, talvez não.
Toda a conversa sobre “trabalho de velocidade máxima” parece ser muito barulho quando fazemos as contas.
Combine isso com:
Maior risco potencial de lesão (de acordo com o trabalho de Gabbet).
Falta de aplicação específica (corridas de mais de 25-30 metros são extremamente raras).
Restrições das instalações (a maioria das instalações de preparação física não tem campo ou pista).
E você tem um argumento muito bom para as corridas mais curtas.
No nosso caso (na MBSC), estamos muito felizes por terminar nossa progressão com uma distância “de voo” de 20 metros e uma distância total de 30 metros. Nossos melhores atletas são sub 1,0 segundo (0,97 é o recorde, eu acho) e cerca de 9,38 m/s, não tão rápido quanto o Usain Bolt, mas rápido o suficiente.

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